24.5.07

Idade Geriátrica

Diálogos:

- (...) porque, para a geração deles, separação era uma espécie de escândalo, uma coisa complicada. Se bem que a nossa geração, se é que a gente pertence à mesma...

***

- Em 2000 tava formada na faculdade.
- Hum...
- Que foi?
- Nada. Tô tentando lembrar...
- O quê?
- Eu tava no primeiro colegial!


***

- Eu tô sofrendo!
- Por quê?
- Tô vendo as fotos da Denise, de Londres. Eu quero ir pra lá hoje! Ai, ser pobre é uma merda...
- Calma. Depois que você comprar seu apartamento, você guarda $ e vai.
- Mas aí eu já vou ser meio véia.
- Tata, você já é meio véia!



Por deus!

20.5.07

Confissão

Eu roubo no Sudoku!

17.5.07

A Vida em Série

Eu tinha um mau humor engraçado. Eu era capaz de transformar as minhas presepadas em textos interessantes. Era capaz de fazer as pessoas rirem das minhas desgraças, de situações adversas que freqüentemente permeiam a minha existência. Acho que eu continuo engraçada. Mas só às vezes. Eu perdi alguma coisa e nem sei aonde.

Eu tinha um namoradinho de seriado e, de tão patético que é uma mulher da minha idade eleger um namoradinho na televisão, eu achava engraçado. Os outros também. Mas não sobrou nem o seriado adolescente.

A série acabou. Eu tô quase substituindo ela por uma outra. Que é legal, mas não tanto. Que tem pessoas adultas e sérias. Essas pessoas têm conflitos, resolvem problemas emocionais, dilemas morais. Tudo é muito profundo... E olha que eles estão lá no Alasca!

Ninguém ali gosta de quadrinhos, de cavalos, nem de luta. Os relacionamentos são complexos, difíceis. Ninguém vai ver o pôr do sol no píer, nem vai ver show do Subways em clubes de música. Os personagens já deixaram o colegial há anos e cuidam com afinco de seus trabalhos, suas profissões, suas carreiras.

O seriado acabou. Só me restam as reprises. É... Eu perdi alguma coisa. E nem sei aonde.

13.5.07

O Retorno

Há uns 4 anos eu me joguei naquele revival anos 80 que tomou conta do país. Freqüentava um lugar, no centro, que tocava todas as canções que me faziam feliz quando eu mal tinha aposentado minhas bonecas Barbie, mas ainda não combinava com maquiagem muito carregada.

Depois das músicas, vieram livros com curiosidades, perguntas e respostas sobre Armação Ilimitada, Smiths e pirulitos Dip Lik. A indústria de brinquedos faturou uma boa grana relançando jogos como o Cubo Mágico e Genius, aquele disco voador colorido, que te obrigava a repetir a seqüência musical, acendendo as luzes azul, vermelha, verde e amarela. Na época, eu achava que revival tem limite e me negava a usar saia balonê, botas brancas de cano curto, ombreiras e bizarrices similares. Mas a indústria da moda não tem limites.

Eis que na semana passada, abro um site de moda e me deparo com uma modelo esquálida na passarela usando... polainas! Sim, aqueles pedaços de pano que ficam engruvinhados na canela. A última vez que usei polainas eu tinha 12 anos. Além daquele acessório horroroso, completavam o meu figurino um colant de manga curta azul marinho, uma meia calça azul marinho e sapatilha ou tênis. Era o traje obrigatório das minhas aulas de jazz na escola, no inverno. A função das polainas – sempre de lã - era aquecer as articulações do tornozelo.

Subvertendo toda a ordem das coisas, a modelo desfilava, faceira, combinando as polainas com uma regata de seda, um short curtinho e uma sandália rasteirinha de dedo, num look de verão super moderno. Imaginou a composição? Agora me explica qual a função daquele pedaço de pano grotesco enrolado nos tornozelos da moça? Era pra ficar bonito?

11.5.07

O Papa entre Nós

Pois é, o Papa. Todo mundo só fala do Papa, acho que pega bem eu versar algo sobre ele também.

Em primeiro lugar, quero dizer que Vossa Santidade atrapalhou bastante a minha vida hoje à tarde. Isso porque eu nem lembrava que Bento XVI existia, muito menos que estava no Brasil e tampouco no Pacaembu, bairro vizinho ao meu e por onde eu teria que passar para chegar até a Consolação, buscar ingressos para ver Paulo Autran no teatro, em “O Avarento”, de Felipe Hirsch, que a gente adora. Mas por causa da bênção do pontífice alemão, o trânsito tava todo interditado, eu tive que dar uma volta do caráleo e peguei um congestionamento infer... digo, celestial.

Depois, devo dizer que essa coisa de igreja não é a minha. Já foi, é verdade. Nos idos dos meus 13, 14 anos, quando acordava às 7 horas da madrugada todo santo domingo para ir à missa do grupo de adolescentes. Foi com aquelas pessoas que eu aprendi a tocar violão – ou a fazer meia dúzia de acordes, suficientes para tocar músicas da Legião Urbana. Eu tocava violão na missa. Sim, eu tocava as músicas da hora da entrada, da confissão, da penitência, da comunhão, da paz de cristo e sei lá mais o quê. Eu gostava muito mais de tocar do que de ir à missa. E esta foi minha experiência mais próxima de efetivamente tocar um instrumento musical na vida – dos próprios instrumentos musicais eu cheguei bem perto outras vezes, mas isso não vem ao caso.

Voltemos à Vossa Santidade e à Igreja. Eu fico me perguntando o que qualquer ser humano com a faculdade mental em ordem deve se perguntar: como é possível que uma entidade do tamanho e da importância da Igreja Católica seja tão retrógrada? Como pode o Papa pregar a abstinência sexual em pleno ano de 2007, com o mundo cada vez mais sexualizado? Com qual argumento racional a Igreja condena o uso da camisinha, com milhões de pessoas morrendo e sendo infectadas pelo vírus HIV todo ano? Em que planeta esta instituição e seu Bento vivem? – nem vou falar sobre aborto, porque se não vira uma discussão infindável.

Junte a tudo isso o fato de eu estar de férias e não ter a obrigação de saber de nada, de ler nada, de ouvir nada e fazer questão de não absorver qualquer informação que não esteja nos cadernos de cultura e entretenimento dos jornais. Você acha mesmo que eu tô muito preocupada com o fato de Joseph Ratzinger estar por aqui?

9.5.07

Estar de Férias é...

Jogar futebol até a 1h da manhã e acordar ao meio dia e meia de uma quarta feira;

Acordar com o cabelo amassado porque dormiu com ele molhado e poder colocar três fivelas na cabeça e sair serelepe na rua (mesmo com o cabelo amassado);

Ir à manicure às 3 da tarde de uma quarta feira e achar que é terça;

O tal do Papa Bento 16 chegar ao Brasil e você nem tomar conhecimento.

6.5.07

Errada

Você tem que se alimentar melhor. Não pode ficar sem almoçar todo dia e se entupir de junk food tarde da noite. Não dá tempo?

Você só trabalha? Eu não consigo mais ver você. É sábado, domingo, Natal, Reveillón, Carnaval, Páscoa, Dia da Árvore, do Índio, de Tiradentes, da Enfermeira... Pára de trabalhar um pouco! Todo dia, até tarde...

Não vá dormir tão tarde. Que tanto você faz até de madrugada todos os dias? Lê? Ouve música? Escreve?

Você poderia escrever mais. Tem um potencial enorme guardado aí dentro. É questão de treino. Acenda um cigarro pra ver se te inspira.

Você não deveria fumar tanto. Tá fumando demais, menina. Daqui a alguns anos você vai ver o quanto te faz mal. Por isso, não consegue correr quando joga futebol.

Você tem que melhorar este condicionamento físico. Fazer exercício regularmente. Jogar bola uma vez por semana não adianta nada. Não melhora a capacidade respiratória e o risco de você sofrer um infarto aumenta em 73,6507%. E ainda tem a cerveja depois da partida.

Você deveria parar de beber todo santo dia. Tente beber menos. Cerveja engorda. Sabe como é? Você está chegando aos 30 e o meta bolismo... vaaai... fi caaando... leeeeeeen to...

Você precisa acordar mais cedo. Aproveitar melhor o dia. Tomar um café da manhã generoso. Almoçar no horário do almoço. Jantar na hora do jantar. Você tem que se alimentar melhor.