27.4.07

O Pior Pesadelo Favorito e o Sonho Ruim

Ouço neste momento o álbum novo do Arctic Monkeys, que teve lançamento mundial na última segunda-feira. A audição apenas corroborou o título que eu dei aos moleques: “minha banda contemporânea favorita” (Franz Ferdinand e Strokes não contam. Eles já são meio velhinhos, se considerarmos a velocidade da indústria musical atual). O disco chama Favourite Worst Nightmare e já bateu recorde de venda no Reino Unido, a exemplo do primeiro álbum dos rapazotes – que tem o singelo título de Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not e é o disco de maior vendagem num único dia na HISTÓRIA DA MÚSICA POP DA GRÃ BRETANHA (Beatles? Bah...).

Eu já fui melhor para descrever músicas, falar sobre elas e tal... Mas vamos lá... O vocal de Alex Turner é bem peculiar. Daqueles que você ouve uma vez e nas audições seguintes já sabe que é ele que está cantando. As guitarras são bem marcadas, fortes, pesadas, e, apesar da barulheira, as canções tem uma levada, tem musicalidade, tem ritmo... entende o que eu quero dizer? Tsc, eu já fui melhor... Aqui você ouve e aqui você aprecia o vídeo do primeiro single do disco, que chama Brianstorm. Mas eu também recomendo Teddy Picker e Fluorescent Adolescent.

Por falar em guitarra, semana passada fui ao Credicard Hall assistir ao segundo show do Keane (os britânicos estão dominando o mundo). A banda é um trio. Um toca bateria, o outro toca teclado e o terceiro canta. Hein? Cadê o baixo e a guitarra? Num tem! Tem muito sampler e baixo pré-gravado. Outro tanto de som sai dos teclados, muita guitarra saindo do teclado (eu achei que tava tendo alucinações, mas é isso mesmo).

Durante o show, eu brincava que não dá pra levar a sério uma banda que não tem baixo e guitarra. De fato, faz falta aos meus ouvidos. Mas a ausência deles não faz do Keane uma banda ruim. É uma banda competente, que faz música de boa qualidade, com um vocalista espirituoso, carismático e com uma presença de palco notável.

Entre as baladinhas, nada de Crystal Ball ou Everybody’s Changing. A mais linda de todas é A Bad Dream.

Tirando as baladinhas, vão sobrar umas 3 músicas mais animadas no repertório do Keane. E eu não tenho dúvida de que a melhor delas é Is It Any Wonder?.

Durante o show, o vocalista Tom Chaplin (que tem bochechas rosadas e deve ter sido um gordinho bonachão na infância – não muito distante, diga-se), falou meia dúzia de palavras que eu não entendi e mandou todo mundo olhar pro telão, onde passava um vídeo.

Findo o espetáculo, uma amiga resumiu: no meu tempo, os roqueiros eram rebeldes, faziam caretas e vestiam preto. As bandas de hoje tem vocalistas fofos e apresentam vídeos contra a guerra e a fome no meio do show. E olha que nem era show de banda emo!

19.4.07

Homens são de Marte... e é pra lá que eu vou

Só pelo título eu tive medo. Convenhamos: um título desse pressupõe uma coleção de clichês. Mas a empresa que paga meu salário é apoiadora do espetáculo e eu poderia assistir a pré-estréia de graça, no Teatro Procópio Ferreira. Resolvi ir. Até pra poder falar mal com propriedade, caso a peça fosse um lixo. Levei o rapaz que me agüenta umas 4 vezes por semana como testemunha (e termômetro).

Tudo o que eu sabia do espetáculo antes de ir para o teatro é que ele tinha feito um sucesso estrondoso no Rio de Janeiro, em quase 2 anos em cartaz. Mais de 150 mil espectadores. Peça indicada ao prêmio Shell. E só.

Mônica Martelli é Fernanda. Jornalista – oh, Gosh! -, 35 anos, tem uma empresa que organiza festas de casamentos. Ironicamente, ela é solteira. E sofre à beça com isso. Sofre, não. Ela tem desespero. Afinal, "óvulo tem prazo de validade". Se enrola com qualquer condenado que dá bola para ela, tem certeza que cada um deles é o homem da sua vida. Se envolve tanto que fica exatamente igual a eles, independente do tipo, por mais diferente que eles sejam uns dos outros.

Depois de milhares de relacionamento fracassados, aprendendo um pouquinho com cada um deles, se conhecendo um pouco melhor a cada traste que passa pela vida dela, Fernanda, finalmente, aprende a escolher.

As situações retratadas na peça são comuns, mas são contadas através de um texto extremamente inteligente. As piadas são realmente engraçadas - e olha que eu sou exigente com piadas. A atuação de Mônica Martelli é excelente. E o figurino... Ah, o figurino... Um vestido multi-uso, gente! Em apenas alguns minutos, virada de costas para a platéia e numa meia-luz, a atriz “se trocava”. Desamarrava uma ponta do vestido aqui, amarrava a outra ponta ali e virava de frente para o público com OUTRO vestido. Incrível! Com o mesmo pedaço de pano, sem tirá-lo do corpo, ela vestiu uma meia dúzia de roupas diferentes. Eu quero um daquele pra mim!

Não existe mulher neste mundo, que tenha ficado algum tempo solteira, que não se enxergue naquela personagem. Independentemente da idade. Talvez não em todas as situações. Mas eu me vi em boa parte delas. Tive vergonha alheia de algumas cenas. Até me dar conta de que já protagonizei as mesmas cenas na vida real.

Atire a primeira pedra a mulher solteira que nunca pensou uma das frases mais repetidas pela personagem: eu não vou dar pra esse cara de jeito nenhuuuuuuuum. Não posso dar pro cara assim, no primeiro encontro. Isso é coisa de vagabundaaaaa!. E instantes depois, meio constrangida: dei!

Dei. Boas gargalhadas. Desejei com toda a força que 3 criaturas do sexo feminino estivessem comigo lá, pra dividir aquilo e pra gente rir todas juntas das presepadas que a gente faz – ou fez - na vida.

Os homens também se divertiram a valer. No fim da peça, com os olhos marejados de rir, o rapaz que me agüenta umas 4 vezes por semana disse que gostou bastante. E emendou: “eu imagino que você queria muito que o quadrado estivesse aqui do seu lado pra rir disso, não eu. Mas serve eu?” Como não?

12.4.07

Culpa

Você não tem de se desculpar. Pela ausência. Pela distância.
Você não deve pedir perdão. Não a mim. Talvez a você.

O tempo me fez condescendente.
Entender que não se deve contestar nem enfrentar o incontestável.

Se não escolhemos nosso caminho, a vida o faz. Somos obrigados a seguir por ele. E ficamos impotentes diante da decisão. Ao contrário do que meu amor esperava.

Estou bem. Inteira. Ao contrário do que seu ego imagina.
Quero-te bem. Ao contrário do que seu umbigo acredita.

Esqueça por um momento sua pretensão. Esqueça sua culpa.
Você não tem de pedir perdão. Não a mim. Talvez nem a você.

6.4.07

O Poder da Mente

Por motivos aparentemente banais, às vezes eu penso muito em algumas pessoas. Pessoas em quem, se eu tivesse o poder de controlar mentes insanas como a minha, eu não pensaria nunca mais. Nunca mais. Eu tenho muito medo quando isso acontece, porque eu não tenho o poder de controlar a minha mente doente, mas ela deve ter o poder de mover seres humanos e trazê-los até mim.

É só esperar (e eu nunca espero): encontro essas malditas pessoas nos lugares mais improváveis, em situações muitas vezes desconfortáveis. Isso acontece sempre. E quando eu digo “sempre” quero dizer “dar de cara com duas pessoas dessas na mesma semana, pela terceira vez”.

Isso me desconcerta. Me faz, primeiro, achar que existem coisas que só acontecem na MINHA vida! E depois, perder neurônios tentando entender aquilo que pode ser apenas uma fatalidade infeliz (mais uma) e reencontrar o meu eixo, que foi pro inferno.

O que me alivia é que esse descompasso passa relativamente rápido. E, francamente, eu tenho coisas – e pessoas - bem mais importantes em que pensar na maior parte do tempo.

1.4.07

Crise dos 30

“Já não somos novos o suficiente pra viver como adolescentes, mas somos novos demais pra decidir nosso futuro diante deste mundo!”

Essa foi a melhor definição que eu já ouvi sobre as crises das pessoas de 30 ou quase 30.

Freqüentemente, eu tenho vontade de desistir desta brincadeira de mau gosto de ter responsabilidades e resolver problemas e tomar decisões.

Dá aqui a minha bola, que eu vou acabar com o jogo. Não quero mais brincar.