26.10.08

Eu voltei. Pra ficar!

É sempre do jeito mais difícil.

Tem sempre bastante sofrimento.

Às vezes é preciso ir ao fundo do poço para arrumar a casa. As coisas. A vida.

Com garra, força e suor tudo se ajeita.

No fim, é hora de comemorar.

Eu sou assim. Ele também.

Não foi por acaso que nasci Corinthiana!



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21.10.08

Alô?

Que vida de peão é essa que não me sobra tempo nem pra ter idéias?

Ops... é melhor acostumar a escrever ideias sem acento agudo.

Pára o mundo que eu quero descer!

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13.10.08

Debate de %# é *%&#

Debates entre políticos já não tem mais a menor graça. Aquele monte de gente fazendo perguntas que nunca são respondidas, candidatos que não tem chance nem de ser eleito para síndico do prédio.... Boring! Porém, quando a discussão se concentra em apenas dois candidatos, a coisa fica um pouco menos enfadonha.

Ontem, acompanhei de perto o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, promovido pela Band. Além do que se convencionou chamar de “subida de tom” por causa da troca de leves agressões, o debate teve seus momentos de descontração, em que os dois postulantes a prefeito(a) e o mediador Boris Casoy deixaram a formalidade de lado. Momentos que provocaram gargalhadas nos mais bobos - eu incluída.

Marta evocando o passado de ambos:

- Eu ando com Lula. Kassab anda com Celso Pitta, com Maluf... (pára um momento) ... E espontânea: Ué!!!! Isso tem que ser dito!

Kassab, tendo que responder a uma das perguntas feitas pela adversária, começa bem:

- Vixe Maria, candidata!!!

Boris, interrompendo Marta, que começou a falar sem ter este direito:

- Opa, opa, candidata.

E os direitos de resposta? Toda santa vez que eu ouvia o Boris dizendo “nossa comissão de juristas”, eu imaginava Ives Gandra Martins, Márcio Thomas Bastos e grande elenco reunidos no quiosque do Grupo Bandeirantes analisando os pedidos, avaliando se concederiam ou não direito de resposta aos candidatos, em meio a pedidos de pães de queijo com recheio de cheddar para o outro lado do balcão.

Pois eu tenho uma proposta inovadora para os próximos debates: serão permitidos palavrões. Mas apenas como forma de desabafo. Não poderão ser usados para agressões pessoais. De modo que a fala de Marta ficaria da seguinte forma:

- Eu ando com Lula. Kassab anda com Celso Pitta, Maluf... (pára um momento)... E espontânea: Porra!!! Isso tem que ser dito!

Kassab, tendo que responder a uma das perguntas feitas pela adversária, começa bem:

- Puta que pariu, candidata!

Boris, interrompendo Marta, que começou a falar sem ter este direito:

- Opa, opa, candidata (porque o Boris não fala palavrão)... Candidata, a senhora só tem direito a 5 palavrões por bloco. Por favor, não insista!

A comissão de juristas encarregada de avaliar pedidos de resposta em relação a palavrões seria composta por José Simão, Ricardo Boechat e por mim, que sou chamada até hoje pelo meu padrinho no jornalismo de “Tata Bom Vernáculo”. E até hoje não entendi direito o motivo.

Não sei se surtiria efeito eleitoral. Mas seria muito mais divertido.

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12.10.08

Love Me or Leave Me

Tenho ouvido um tico de Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Norah Jones e Nina Simone...

Será que quanto mais velha a gente fica, mais a gente gosta de jazz e blues?

E será que daqui a alguns anos eu vou saber a exata diferença entre uma coisa e outra?

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2.10.08

Bar Zona Sul

Chovia como se não houvesse amanhã. Sozinha, pronta para comemorar a minha mais nova conquista degustando um prato bem grande de massa, parei naquele estacionamento de sempre. Três rapazes engravatados desciam do carro ao lado e um deles me esperava fazer o mesmo, carregando um guarda chuva. Me ofereceu “carona”, sorridente. Já na calçada, um deles diz:

- Nós vamos ao bar X. Onde é?

Não me restou mais dúvida: meu bar preferido, definitivamente, não é mais o mesmo. Poucas coisas restaram do palco para comemorações, lamentos, encontros fortuitos e celebrações de pura amizade. O principal se foi quase todo: os garçons. O melhor deles, Aílton - que de tão gentil e solícito já foi até homenageado pelo maior botequeiro que eu conheço - era uma mistura de vidente com terapeuta. Bastava olhar para mim, ele adivinhava segredos que nem eu mesma conhecia. E tinha sempre uma boa palavra a dizer, para acalentar ou felicitar. Aílton se foi de lá. Também se foram momentos tão lindos. O bar era meu refúgio nos tempos de dor. E para isso a mesinha do canto e uma boa amiga eram ótimos para que eu pudesse chorar, de frente para a parede e de costas para o restante do salão. Foi pra lá que eu fui – com uma blusa decotada para dar ânimo, conforme fui aconselhada - quando o meu pai foi pro céu e eu não entendia nada do que tava acontecendo.

Era lá a concentração para o desfile de carnaval que durava poucos minutos ao redor da rotatória. Lá conheci minha alma gêmea feminina e passei a integrar um time de futebol. Naquelas mesas me enfiei em diversas roubadas amorosas, me livrei de outras tantas. Conheci pessoas interessantíssimas, pessoas lindas, pessoas loucas. Estreitei laços de várias espécies, dividi risotos, macarrões com camarão, carpaccios e porções de bolinhos de arroz. Somei milhares de chopes, perdi inúmeras horas de sono, virei incontáveis madrugadas e gastei muitos, muitos reais. Com gente fina, elegante e sincera.

Mas aos poucos o meu bar foi sendo tomado por pessoas estranhas para mim. Pessoas que falam irado e que gostam de axé music, do Luciano Huck, de ostentar músculos e que usam alisadores de cabelo. Recorro a um estereótipo para facilitar a compreensão (e justificar minha incapacidade literária): um povinho meio zona sul demais pro meu gosto.

E imediatamente, ao dizer isso, me lembro da pessoa que é paga para mandar em todas as outras lá na firma. Que anda de carro importado, acha que sabe beber e falar de vinho e vive num mundo que se limita à tríade Morumbi-Vila Olímpia-Moema. Acha que a Barra Funda é só um amontoado de galpões industriais e nunca ouviu falar em vanguarda paulistana.

Pensei que o moço do estacionamento é como ele, só que se aventurou a desbravar o submundo da Vila Madalena, porque ouviu falar de um tal bar X que é iraaado, embora ele nem saiba onde fica. Quem dera todos eles se limitassem a sua própria tríade. Eu nunca teria trocado o meu bar preferido pelo da frente. Nunca.