30.9.08

Vida

É engraçado ver fotos atuais daquelas menininhas com quem eu estudei quando era criança. Umas mulheres lindas, outras nem tanto. Muitas estão casadas, algumas abriram mão da carreira, estão gordas e cuidam da ninhada. Algumas continuam trabalhando, se tornaram profissionais bem sucedidas e com conta corrente recheada no banco. Estão esbeltas, casaram e são mães. Me dá a impressão de que tudo o que aquela mulherada mais queria na vida, na verdade, era casar. Constituir família, independentemente de se tornarem profissionais bem sucedidas ou donas de casa, gordas ou esbeltas, conta corrente recheada ou mergulhada no cheque especial.

Tem também aquelas que foram morar em outro país, ou passaram um tempo fora e voltaram a viver aqui no Brasil. Uma ou outra ostenta o barrigão de gestante de 8 meses. Na Austrália, em Miami, em Londres ou por aqui, mesmo. É curioso bisbilhotar o rumo que cada uma tomou.

E me lembro daquela amiga há 30 anos, tão querida, que cresceu comigo. Não consegue casar porque tá trabalhando loucamente e não pára de mudar de cidade, ao bel prazer da empresa. E porque parece que agora ela cansou e mudou de emprego e resolveu priorizar outros aspectos da vida.

Eu nem sei porque raios me lembrei de tudo isso agora e juntei uma coisa com outra. Vai ver que é porque também tenho trabalhado loucamente. E troquei de carro. E ache que as coisas deveriam ser um tiquinho mais simples. E...

16.9.08

Cadê?

Eu sei que ninguém sentiu falta, mas os textos sobre filmes sumiram daqui.

Não, eles não foram parar no buraco negro engolidor de tampas de canetas BIC. Ao contrário: ganharam um espaço exclusivo, chique e elegante, especialmente construído para eles, com design moderno e clean, para agradar você que não tem tempo a perder (se eu fosse publicitária, estaria fodida perdida!).

A fim de não misturar alhos com bugalhos, criei o Cine Ação e Divagação, que tem um nome ainda pior do que o deste blog (eu já disse que se eu fosse publicitária...).

Se quiser ler as minhas impressões sobre os filmes aos quais assisti, clica ali em cima, do lado direito.

A Direção.

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14.9.08

Unidunitê

Não sei onde nem com quem aprendi isso, mas sempre, em tudo o que vivo, esgoto todo meu sentimento. É assim com emprego, família, amigos e amores.

Esse jeito me causou inúmeros desconfortos durante a minha existência. Muitas vezes fui apontada na rua com o dedo indicador em riste, bem em direção ao meu nariz: você não tem vergonha na cara, não tem amor próprio. Trouxa!

Trouxa porque ganhava muito menos do que merecia e mesmo assim me contentava com um cala a boca agradinho aqui e outro ali, que ilusoriamente faziam com que me sentisse importante.

Trouxa porque quase sempre fui a que gostava e não era gostada. Do craque do time de vôlei. Do garoto que passava de moto na minha rua. Do camarada que dançava mais bonito na domingueira. Do rapazinho que tocava na banda X, do que tocava na banda Y e no que tocava na banda Z (haja banda, pelamor!!!). Do que tinha outra namorada/noiva/mulher e do que voltou a namorar a namorada anterior.

Trouxa porque sempre insisti nas amizades que me são importantes, por mais longe que elas fossem passear.

Trouxa porque nunca deixei de viver o que sentia até o fim. Só viro a página de uma vez quando não me resta mais sentimento bom. Ou quando alguma coisa aqui dentro – e não aí fora – me faz sentir que “bem, agora esgotou”.

Eu, que sou a rainha da auto-ridicularização, auto-piedade, auto-crítica, auto-a-puta-que-o-pariu-de-mais-cruel, tenho sido o papa do auto-orgulho ultimamente por ser assim. Não consigo conceber a auto-sabotagem de um ser humano que toma decisões determinantes na vida, que mudam totalmente seu próprio rumo sem estar certo do que sente de verdade. Toda escolha deste tipo tem conseqüências sérias: outra carreira, outro estilo de vida, outra mulher, outro marido, outro TUDO. E como é possível VIVER outro tudo sem SENTIR isso tudo? E aí - e só aí - quando alguma coisa não sai como o planejado, é que o sujeito se dá conta de que lá atrás deixou de ser honesto consigo, deixou de ser fiel aos próprios sentimentos.

Mas a auto-sabotagem tem um preço altíssimo. Talvez o mais caro seja o amargo e dolorido arrependimento do rumo que NÃO se deu na vida quando ela já está determinantemente posta de uma forma absolutamente diferente, anos e anos mais tarde.

Continuarei, se for o caso, sendo apontada na rua por dedos indicadores nefastos: trouxa! Não me importo. Sigo na empreitada de viver tudo até o fim. Até que meus sentimentos (de)terminem. Essa é a minha escolha.

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8.9.08

Nhé Nhé Nhé

Odeio ter sentimentos que eu não conheço. Ou de que não me lembrava mais. Porque não sei o que fazer com eles. Confusão mental nível 90. É impossível conseguir agir de forma sensata quando eles surgem. Porque a sensatez desaparece. Eu me reviro em mil pra encontrar a melhor forma de agir. E não acho. E quase sempre magôo alguém. E quando me esforço para poupar todos os outros, no fim, quem chora sou eu. Impotência!

A confusão de sentimentos tem indícios de dependência. Não no sentido pejorativo da palavra, mas uma dependência boa. Talvez interdependência, sei lá. Algo que tem a ver com ciúme, com toda a alegria da vida, com rejeição. Que tem a ver com a possibilidade que passa pela minha mente doentia de perder alguém que eu amo. Mas eu não tenho clareza suficiente pra fazer essas relações. Eu não conheço o nome disso!

Por um momento eu chego a querer desamar. Só pra não sentir essa confusão que vem no pacote. Só pra não correr o risco de sentir aquela dor na alma quando o amor vai embora.

Ai, vou ali no divã curar meus traumas e volto já.

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