31.3.13

O Vazio Que Nos Move


Porque, na era das informações rápidas e fragmentadas, não sou capaz de elaborar nenhum raciocínio que vá além de uma dúzia de linhas:

Quando alguém diz alguma coisa sobre si mesmo que não condiz com a realidade, tenho a impressão de que fala para se ouvir. É um jeito de se convencer do que está dizendo. Como se ouvindo aquilo pudesse interiorizar o jeitão como gostaria de ser.

“Eu me arrisco muito” me soa como alguém buscando coragem para se aventurar em uma situação nova. Uma situação que lhe provoca temor.

“Eu expresso demais os meus sentimentos” me parece se tratar de alguém fazendo um esforço sobre-humano para mudar um padrão de anos. Alguém que, na verdade, morre de medo de dizer o que sente. Talvez nem saiba ao certo o que sente. Quiçá queira muito sentir o que não sente.

A paixão tem mais relação com nossas próprias carências do que sonha a nossa vã filosofia. É fácil se apaixonar pelo que nos falta, independentemente de quem ofereça. Um ser carente se apaixona pela fantasia do que deseja e não exatamente por quem oferece o que ele deseja.

Ao mesmo tempo, este ser também oferece uma fantasia: um amor que não pode dar. Que não tem pra dar.

Noves fora: não sobra quase nada, além de algumas ilusões desfeitas e dois corações quebrados. 

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23.3.13

Missão


Quando vim a esse mundo torto, me deram uma missão.

Minha tarefa, involuntária diga-se, é fazer com que as pessoas de alma mais pura, de coração mais generoso e caráter irreparável que a vida colocou no meu caminho, se voltem as suas próprias questões.
Desembaralhem o emaranhado.
Coloquem as coisas no lugar.
Dêem nomes para elas.
Ressignifiquem.
Independente de mim.
No fim.

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