18.2.09

Linda. Absoluta. Demais

O mundo não cansa, mesmo, de me surpreender. E as pessoas estão cada dia mais sem noção.

Recebi um email na semana passada de um amigo querido. Músico, inteligente e de bom gosto. Gente fina, elegante e sincera. Ele me apresentou Stefhany. Repare na grafia. Não é Stéfany, nem Stephanie. É Stefhany, mesmo. A moça do Piauí que fez uma versão de uma música grudenta de Vanessa Carlton. Mas não só isso. Combinou a versão forró/brega com um sensacional videoclipe.

Quando abri o vídeo, achei que era gozação, que a moça tava fazendo chacota com alguém. Mas depois, lendo sobre ela, descobri que não. Ela realmente se leva muito a sério, conforme a reportagem da Dolores, que você lê aqui. É a Beyoncé do Piauí!!!

Em algum outro lugar, eu li que por causa da citação de uma marca de carro na letra, desconfiou-se que o vídeo pudesse ser um viral. O número de acessos foi tão grande e o boato foi tão forte, que a montadora do carro se viu obrigada a emitir uma nota oficial desmentindo a propaganda.

Sempre fui apreciadora da cultura do “faça você mesmo”, mas aí já é demais. Me lembrei de Rebobine Por Favor, de Michel Gondry, em que dois amigos refilmam clássicos do cinema em cenários precários, com figurinos toscos e eles mesmos são os atores. A diferença é que na cabeça do Gondry a história virou filme. E na cabeça da Stefhany ela é uma super star na vida real!

Ela pensa que é linda. Absoluta. Mas é só uma garotinha brincando de ser star!

A coreografia do trio na varanda de casa?
A pessoa se maquiando no banheiro?
O crucifixo balançando, preso no retrovisor do carro?

Alguém me traz um vidro de morfina?

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11.2.09

Cicatrizes

É como se não tivesse aprendido nada. É como se as dores não tivessem servido pra nada, só pra doer. Como se as cicatrizes que estavam bem ali no seu rosto fossem invisíveis.

Era só se olhar no espelho para se lembrar delas. Uma por uma. Do motivo por que estavam ali. Como nasceram, arderam, secaram e, finalmente, se eternizaram bem ali. Na cara.

Quando se acha que elas não serviram pra nada, é hora de se olhar no espelho. Se recolher. E promover um grande resgate.

Sábio é Pedro Juan Gutiérrez, que ama as cicatrizes, não as feridas.

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10.2.09

Quem?

Eu não quero mais ser eu.

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