9.3.09

Ronaldo é gol!

Há tempos não me emocionava de verdade vendo um jogo de futebol. O calor que fazia em Presidente Prudente ficava clara nos rios de suor que escorriam pelas têmporas dos 22 corinthianos e palmeirenses em campo. Com um olho no trabalho e outro na tevê, depois de mais uma vez me surpreender com o ótimo passe de Keirrisson na área do Timão, me irritei com a saída desastrosa de Felipe do gol. Diego Souza aproveitou e anotou o primeiro gol do clássico para o meu adversário.

A entrada de Ronaldo no segundo tempo já era dada como certa e eu e o mundo inteiro estávamos loucos pra ver como ele se sairia, depois dos vinte e poucos minutos jogados contra o Itumbiara no meio da semana. A agilidade de um paquiderme em dieta é evidente. No entanto, se ganhou quilogramas, Ronaldo mostrou que não perdeu habilidade nem precisão técnica. Driblou, correu, girou e até carimbou a trave num chute consciente, quase exato e quase certeiro, fazendo metade do estádio se arrepiar e levar as mãos à cabeça com o quase gol.

Finalmente, nos acréscimos veio o que o mundo inteiro esperava. Numa cobrança de escanteio, ele se livrou da marcação da zaga, subiu e cabeceou bem do lado direito do gol palmeirense. Desencantou. E correu como um menino. Pulou as placas de publicidade em direção à torcida que com tanto amor e esperança o recebeu. Trepou no alambrado e sacudiu, gritou, sacudiu, gritou e sacudiu como se fosse o primeiro gol da vida de um atleta juvenil. Um bando de loucos gritava em Presidente Prudente, no Tatuapé, na quadra da Gaviões, na sala da minha casa e até na redação do Morumbi. Ronaldo é gol!

Do outro lado da tela da tevê, não tive reação. Paralisada. Meus olhos marejaram de emoção. Me arrepiei de alegria, como se Ronaldo fosse meu amigo. Como se eu o conhecesse. Estava realmente feliz por ele. Ele conseguiu! O gordo fez um gol! O gordo é foda! Pode dizer o que quiser: gordo, fora de forma, baladeiro. Ele é foda! Nunca vai deixar de chutar bem, de driblar bem. Não há quilos a mais e noites mal dormidas que o façam perder a experiência que adquiriu e o cacoete de matador. Ainda que seja com a cabeça, o que nunca foi seu forte.

Me impressionou a emoção de um sujeito que tem tudo na vida, já conquistou tudo o que podia e queria na carreira, já caiu, já voltou, já caiu de novo e voltou de novo... E vibra, verdadeiramente eufórico, como se fosse o primeiro gol da carreira. E eu não tenho dúvidas de que é por isso que ele sempre volta, de que é por isso que se trata de um Fenômeno.

Não deve existir um ser humano provido de coração neste planeta que não tenha sorrido e se alegrado com a demonstração do novo retorno de highlander Ronaldo, o Fenômeno, a cara do brasileiro.



Quem duvida?

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Um comentário:

Anônimo disse...

Não parecia final da Copa do Mundo? :-)