28.10.07

Ian Kurt

Seattle se aproxima de Manchester em Control , de Anton Corbijn, e Kurt Cobain - Sobre Um Filho, dirigido por AJ Schnack.
Claro, uma coisa não tem nada a ver com a outra e as cidades guardam várias léguas de distância entre si - além do Oceano Atlântico inteiro. Mas as semelhanças entre os protagonistas dos dois longas são várias. Ian Curtis e Kurt Cobain eram geniozinhos, líderes de bandas que marcaram inovações no cenário musical de seus países - e mundial -, eram atormentados e se mataram. Talvez também por razões parecidas.

O filme sobre o líder do Nirvana é chato, chato, chato. É baseado em 25 horas de entevistas dadas a um jornalista norte-americano, que depois escreveu Come As You Are: The History Of Nirvana. Imagine Kurt falando por uma hora e meia. Na tela, imagens aleatórias que combinavam com o que o músico dizia. Então, ele fala "passei minha infância em Aberdeen..." e você vê criancinhas loiras brincando no balanço de um parquinho. Ruim demais. Uma hora e meia e você não vê o rosto de Kurt Cobain. Em nenhum momento - só no final. Música? Nada de Nirvana. Só o que ele gostava de ouvir. E, de novo, Kurt diz: "nesta época eu ouvia muito uma música do Queen..." e toca Queen. Ugh!

A parte boa é que trata-se do cara contando a própria história, que é bem interessante e triste. Cobain teve transtorno bipolar, depois que os pais se separaram, ainda quando era criança. Queria ser punk. Odiava trabalhar. Morou dentro de um carro e em uma caixa de papelão. Era pouco sociável, não gostava de pessoas. Teve uma namorada dotada de instintos maternais, que cuidava bem dele. Não gostava. Preferiu Courtney Love, com quem podia trocar idéias artísticas de igual para igual. A primeira vez que a viu, achou a moça parecida com Nancy Spungen. Tinha dores de estômago enlouquecedoras e nunca ninguém descobriu o que era. Achou na heroína o alívio para a dor. No filme, Cobain conta que quando tinha crises, pensava em dar um tiro na cabeça. Se diz descontente com o Nirvana, no auge da cerreira da banda. Especula-se que o músico tenha se matado pela combinação dores+heroína+crises no casamento+sucesso do Nirvana.


Control é um belo filme. Em preto e branco, o longa se baseia no livro escrito pela mulher de Ian Curtis, Deborah Curtis - que é co-produtora do filme. Mostra Ian Curtis ouvindo Lou Reed, Iggy Pop e David Bowie em casa. Mostra desde os primórios do Joy Division, quando os demais integrantes procuravam um vocalista para a banda. Além de ter casado muito jovem, Curtis era epilético. Sofria com as duas coisas. Com 20 e poucos anos, o rapaz se viu fazendo um baita sucesso, tinha uma mulher e uma filha o esperando em casa, um caso paralelo com uma aprendiz de jornalista e frascos de remédio sendo carregados pra onde quer que ele fosse. No filme, o artista sente culpa por manter dois relacionamentos e sofre horrores com os ataques epiléticos. Também parece não administrar muito bem esta coisa de fazer sucesso. Resultado: na véspera de uma mega turnê do Joy Division pelos EUA, Curtis se mata enforcado em casa, aos 23 anos.

O longa tem, além das notáveis interpretações de Sam Riley e Samantha Morton, muita música boa, com aquele timbre característico e cavernoso de Curtis.

Nenhum comentário: