19.4.07

Homens são de Marte... e é pra lá que eu vou

Só pelo título eu tive medo. Convenhamos: um título desse pressupõe uma coleção de clichês. Mas a empresa que paga meu salário é apoiadora do espetáculo e eu poderia assistir a pré-estréia de graça, no Teatro Procópio Ferreira. Resolvi ir. Até pra poder falar mal com propriedade, caso a peça fosse um lixo. Levei o rapaz que me agüenta umas 4 vezes por semana como testemunha (e termômetro).

Tudo o que eu sabia do espetáculo antes de ir para o teatro é que ele tinha feito um sucesso estrondoso no Rio de Janeiro, em quase 2 anos em cartaz. Mais de 150 mil espectadores. Peça indicada ao prêmio Shell. E só.

Mônica Martelli é Fernanda. Jornalista – oh, Gosh! -, 35 anos, tem uma empresa que organiza festas de casamentos. Ironicamente, ela é solteira. E sofre à beça com isso. Sofre, não. Ela tem desespero. Afinal, "óvulo tem prazo de validade". Se enrola com qualquer condenado que dá bola para ela, tem certeza que cada um deles é o homem da sua vida. Se envolve tanto que fica exatamente igual a eles, independente do tipo, por mais diferente que eles sejam uns dos outros.

Depois de milhares de relacionamento fracassados, aprendendo um pouquinho com cada um deles, se conhecendo um pouco melhor a cada traste que passa pela vida dela, Fernanda, finalmente, aprende a escolher.

As situações retratadas na peça são comuns, mas são contadas através de um texto extremamente inteligente. As piadas são realmente engraçadas - e olha que eu sou exigente com piadas. A atuação de Mônica Martelli é excelente. E o figurino... Ah, o figurino... Um vestido multi-uso, gente! Em apenas alguns minutos, virada de costas para a platéia e numa meia-luz, a atriz “se trocava”. Desamarrava uma ponta do vestido aqui, amarrava a outra ponta ali e virava de frente para o público com OUTRO vestido. Incrível! Com o mesmo pedaço de pano, sem tirá-lo do corpo, ela vestiu uma meia dúzia de roupas diferentes. Eu quero um daquele pra mim!

Não existe mulher neste mundo, que tenha ficado algum tempo solteira, que não se enxergue naquela personagem. Independentemente da idade. Talvez não em todas as situações. Mas eu me vi em boa parte delas. Tive vergonha alheia de algumas cenas. Até me dar conta de que já protagonizei as mesmas cenas na vida real.

Atire a primeira pedra a mulher solteira que nunca pensou uma das frases mais repetidas pela personagem: eu não vou dar pra esse cara de jeito nenhuuuuuuuum. Não posso dar pro cara assim, no primeiro encontro. Isso é coisa de vagabundaaaaa!. E instantes depois, meio constrangida: dei!

Dei. Boas gargalhadas. Desejei com toda a força que 3 criaturas do sexo feminino estivessem comigo lá, pra dividir aquilo e pra gente rir todas juntas das presepadas que a gente faz – ou fez - na vida.

Os homens também se divertiram a valer. No fim da peça, com os olhos marejados de rir, o rapaz que me agüenta umas 4 vezes por semana disse que gostou bastante. E emendou: “eu imagino que você queria muito que o quadrado estivesse aqui do seu lado pra rir disso, não eu. Mas serve eu?” Como não?

7 comentários:

Anônimo disse...

Não vi mas adorei! Especialmente a metáfora do vestido. Seres humanos são como roupa de teatro: a gente amarra uma ponta aqui, solta uma alça ali, e o igual fica totalmente diferente!

Luciane disse...

é monólogo? não tem ninguém que interrompe a mulher no meio das histórias????
imagina alguém acompanhando as NOSSAS conversas. é engraçado, né?

Lica disse...

nossa, adorei!!! quero ver também!!!
e eu queria estar lá também, junto com o quadrado inteiro!
muito buniiiii

DeMi disse...

ow, descola com uns ingressos com a firma pra nóis ir! ***plim***

Anônimo disse...

é monólogo, lulis. e é BEM engraçado. ela finge que conversa com várias pessoas, reproduz as respostas delas, como se tivesse contando pra gente a conversa. é muito bão!

vou ver se há 4 ingressos na firma. não deve ser difícil. difícil vai ser achar um dia que todas estejam livres e dispostas a ir ao teatro, pelo visto! :P

Luciane disse...

a gente é disposta a ir ao teatro. principalmente se a firma convida...**plim**

Anônimo disse...

Adoreeeeei seu post! Esta moça tava no Jô ontem (bonita que só), e fiquei morrendo de vontade de ver a peça. Agora ainda mais, depois do seu texto e das suas impressões. :-)

Ah, eu já fiz cada coisa nos momentos de solteirice, que benzadeus...

:*