Porque, na era das informações rápidas e fragmentadas, não
sou capaz de elaborar nenhum raciocínio que vá além de uma dúzia de linhas:
Quando alguém diz alguma coisa sobre si mesmo que não condiz
com a realidade, tenho a impressão de que fala para se ouvir. É um jeito de se
convencer do que está dizendo. Como se ouvindo aquilo pudesse interiorizar
o jeitão como gostaria de ser.
“Eu me arrisco muito” me soa como alguém buscando coragem
para se aventurar em uma situação nova. Uma situação que lhe provoca temor.
“Eu expresso demais os meus sentimentos” me parece se tratar
de alguém fazendo um esforço sobre-humano para mudar um padrão de anos. Alguém
que, na verdade, morre de medo de dizer o que sente. Talvez nem saiba ao certo
o que sente. Quiçá queira muito sentir o que não sente.
A paixão tem mais relação com nossas próprias carências do
que sonha a nossa vã filosofia. É fácil se apaixonar pelo que nos falta,
independentemente de quem ofereça. Um ser carente se apaixona pela fantasia do
que deseja e não exatamente por quem oferece o que ele deseja.
Ao mesmo tempo, este ser também oferece uma fantasia: um amor que não
pode dar. Que não tem pra dar.
Noves fora: não sobra quase nada, além de algumas ilusões
desfeitas e dois corações quebrados.
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