18.1.08

Palavra de Ouro da Princesa

Confesso que fiquei com o coração dividido, ouvindo a partida entre Corinthians e Guarani hoje na volta pra casa. Não tenho nenhuma afeição pelo time de Campinas e sou corinthiana desde que me conheço por gente. Explico:

Sou corinthiana desde que nasci. E isso não é exagero. Quando vim ao mundo e Dona Mãe estava recém operada na maternidade, o que enfeitava a porta do quarto dela era um bonequinho vestindo o uniforme do Timão - que eu tenho até hoje. De modo que todos felicitavam meu pai pelo lindo filhinho e ele tinha que explicar que era uma menina. Corinthiana desde que nasceu.

Ele era torcedor doente do time do Parque São Jorge (e hoje deve infernizar todos os anjos do céu por causa do Timão). E a Dona Mãe é palmeirense roxa desde criancinha. Reza a lenda familiar que o gramado do Pacaembu guarda em suas entranhas uma aliança de noivado arremessada da arquibancada por um dos dois, depois de uma briga futebolística durante um clássico entre os dois times no início da década de 70.

Então, em janeiro de 1978, eu nasci. Com alguns meses de vida começava a balbuciar as primeiras palavras mal articuladas. A primeira, como todo bebê que se preza, foi mamã ou mamá – ou algo que os bebês proferem ao se referir à mãe. Naquele mesmo ano, o glorioso time de Campinas alcançava um feito incrível: disputar a final do Campeonato Brasileiro. E contra o Palmeiras. Tão logo foram definidos os finalistas, meu pai se empenhou em um novo desafio: fazer a filhinha dele, com menos de 1 ano, pronunciar a palavra “Guarani”. O objetivo era, claro, além de reafirmar a paixão dele da filhota pelo Corinthians, irritar a Dona Mãe.

O Guarani venceu o primeiro jogo contra o Palestra por 1 a 0, no Morumbi, com gol de Zenon aos 21 minutos do segundo tempo. No segundo jogo, em agosto de 1978, no Brinco de Ouro da Princesa, Careca marcou aos 36 do primeiro tempo e o Guarani foi campeão do Brasileiro.

Meu pai possivelmente nem se importou com a 12ª colocação do Corinthians na tabela, com pífios 36 pontos. Mas posso imaginar sua gargalhada debochada e sua expressão de alegria infinita quando me ouviu, finalmente, adicionar mais uma palavra ao meu vocabulário: ANANÍ

4 comentários:

Unknown disse...

Espero que meus filhos sejam são-paulinos...

Fiquei imaginando a cara do seu pai quando vc falou guarani... e a da sua mãe... ;)

Lica disse...

tatinha, que emocionante! nunca soube dessa sua história...

a propósito, adorei principalmente duas partes: o corinthians lá embaixo na tabela e você pronunciando "nánani" contra o palmeiras... hehehe (brincadeirinha)

uh, tricolor!

bejosss

Anônimo disse...

gente, essa história é mentira!
menos a parte do bonequinho, essa é verdade, porque é a única que eu conhecia! rs

saudades, minha winehouse!

Anônimo disse...

eu já contei pra vocês da briga do pacaembu. é que não me demorei no assunto. eu lembrei dessa do Guarani, por causa do jogo.

o boneco do Timão enfeita meu quarto até hoje! hohoho...

má, eu também posso imaginar a cara deles (já que, por razões óbvias, não me lembro)!