13.12.07

Órfãos de Police

Eu gosto do Nokia Trends - e nem liguei pro show-do-The Police-caça-níquel no Rio. É um dos festivais mais organizados que acontecem por aqui.

No ano passado, tive o prazer de ver bem de pertinho The Bravery, Hot Hot Heat e me supreendi muito com o show das mocinhas do Ladytron – ainda que tenha acabado perto das 6 horas da manhã, as minhas lentes de contato estivessem grudadas no globo ocular como se fizessem parte do meu corpo e as costas doessem muito, depois de 8 horas dançando.

Este ano, a estrutura montada no Memorial da América Latina era linda. Um bom espaço ao ar livre e, na tenda, dois palcos montados um ao lado do outro, em forma de “éle”. Quando terminava o show de um palco, começava o do outro, de modo que não havia intervalo entre as apresentações e o público não tinha que esperar a montagem e desmontagem de equipamentos pra ver uma banda tocar (viu, Tim Festival?). Apesar disso, fazia um calor senegalês debaixo da tenda e as filas no banheiro eram enormes.

Foi a segunda vez que eu fui soziínha-da-silva a um festival sem conhecer quase nada do que ia ver. E você pode me achar louca e tal, mas eu gosto disso tudo.
Mas vamos ao que interessa.

Van She é uma banda australiana. Era tudo o que eu sabia. Gostosinha de ouvir. O baixista é loiro, magrelo, comprido, dança de um jeito engraçado e tentava animar o público ainda escasso do Memorial batendo palmas. O vocalista é cabeludo e canta fazendo vários falsetes com a voz. É praticamente uma mistura de Pet Shop Boys e Abba. Fecharam o show com Kelly. Vai dizer que não é uma versão um pouco mais moderna de Fernando, do Abba?



Underground Resistence é um grupo enorme de Detroit. Quase uma dúzia de negrões que mistura jazz, funk e eletrônica. Faz quase 20 anos que o coletivo - como gostam de dizer os entendidos - sacodem platéias pelo mundo. O grupo não veio completo aqui para São Paulo: baixo, bateria, saxofone, uma mesa e um MC que jogava CDs para o público. À exceção de alguns “solos” de sax longos demais, o UR - como dizem os entendidos - faz um som robusto e consistente, beirando a perfeição.

Os quatro franceses do Phoenix entraram no palco principal do Memorial umas duas e meia da manhã. O vocalista é marido da cineasta Sofia Coppola. A banda teve uma música incluída na trilha sonora de Encontros e Desencontros e fez uma participação em Maria Antonieta, se apresentando para a Rainha. Viu, que cult?! E é, mesmo, dado que metade do público freak que agora lotava o Memorial entoava os refrões das músicas a plenos pulmões.



Quando você ouve o CD, pensa que se trata de um grupo fofo, que faz roquezinho meigo e dançante e coisa e tal. Até eu ver o baterista em ação, ali na minha frente. O cara é um A-NI-MAL! Desce o braço sem nenhuma dó. Um amigo - porque a gente sempre encontra amigos nesses lugares - disse que quando viu ele em pé, lascando o braço nas caixas, achou que o nêgo tinha dois pedaços de fêmur nas mãos. Fiquei impressionada! O sujeito conquistou toda a minha atenção. Até que o vocalista, marido da Coppolinha, surtou e se jogou no meio do povo. Cantou uma música inteira lá no meio. Rrrrrrrrrrrrrrrrrrock!!!!

Por fim, lá pelas 4 e tanto da manhã, subiram ao palco os moços do She Wants Revenge, que beberam toda a água da fonte do pós punk. Os filhotes do Joy Division fizeram o público enlouquecer. E ao vivo a voz de Justin Warfield é ainda mais parecida com a do vocalista do Depeche Mode. Ele vestia uma jaqueta e um gorro. Eu tava derretendo com os 67ºC que faziam naquela tenda – e nem tinha canhões de luzes apontados para mim, veja bem. O calor e as minhas dores nas costas me fizeram abandonar o show na metade e ir embora, me lembrando de que, de fato, falta bem pouco pra virar balzaquiana.

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